Rua

Meti a mão nos bolsos das calças e respirei fundo, devia ser a primeira vez que estava nervoso. Quando cheguei já lá estava gente, desta vez, iamos combater num lugar mais fechado, numa garagem velha de alguém que se disponibolizou a ajudar-nos. Apesar de tudo isto ser ilegal, havia pessoas finas à nossa volta a procurar novos talentos nestes campos. Olhei em volta tentando encontrar Josh, mas em vez dele encontrei a rapariga do skate.
-Olá Jeff. - fiquei a olhar para ela surpreendido e ri-me.
-A sério? Sabes o meu nome e eu não sei o teu?
-Eu sei porque andei a ver os ficheiros e encontrei-te.
-És alguma perseguidora?
-Mais ou menos - riu-se. -Eu posso levar-te longe. - fitei-a não percebendo onde ela queria jogar - luta, ganha e pode ser que consigas - ela mostrou-me um cartão e eu sorri.
-Vou impressionar. - garanti empolgado e ela deu-me um beijo na bochecha indo embora.
-Yes! - exclamei e Josh veio ter comigo querendo saber o que tinha acontecido.

Eles queriam tramar-me ou era apenas um voto de confiança em mim? É que se queriam tramar-me, eu estava bem tramado, o gajo que estava à minha frente devia ter pelo menos uns dois metros, visto que eu ainda era grande e achava-o gigante. Cerrei os dentes tentando não mostrar grande receio e a campaínha soou. Assim que ele veio na minha direcção percebi que ele tinha uns movimentos lentos, por isso a única coisa que eu foi desviar-me e faze-lo bater nas cordas. Ok, este gajo era um nabo e fazia-me rir só olhar para a cara dele. Fui na direcção dele e dei-lhe um murro na cara fazendo-o ficar meio atarantado e ele quis atacar-me mas estava zonzo. Sorri maliciosamente enquanto ouvi o meu nome de quem me estava a apoiar.

Ouvi o meu nome praticamente ao mesmo tempo em que vi um vulto loiro e senti a minha mão depositar numa pele mais suave e frágil. Arregalei os olhos ao assimiliar a voz de Miriam com o seu cabelo e olhei para ela sem saber o que fazer. Pararam o combate agarrei-lhe nos ombros tentando olhar para ela.
-Miriam. - chamei. Fogo, sou tão bruto, podia-a ter morto, reclamei comigo mesmo e toquei-lhe na cara. - Estás bem?

Olhei para a sua bochecha e fiz com que ela tirasse a mão de lá para ver como estava a ficar.
Respirei fundo quando a rapariga do skate se meteu e vi a expressão de Miriam.
-É, não te passes, está bem? - Pedi - Tens que ir tratar disso.

-Parem as duas - disse alto para que ambas ouvissem - vai tratar disso - apontei para um enfermeiro de farda branca e com uma mala nas mãos.

Olhei para a do skate e ela sorriu-me, voltei a olhar para Miriam e larguei-lhe a mão.
-Como é que sabias que eu estava aqui? - Perguntei-lhe.

Arrepiei-me quando percebi que ela me estava a chamar Jeffy, tentei controlar-me para não lhe pedir que não me chamasse isso, porque a única pessoa que o fazia era Miriam.
-A sério? Precisavas assim tanto de saber no que é que eu estava metido? - Perguntei desiludido.

-Larguem-na - pedi dando dois passos na direcção dela, mas senti o meu braço ser agarrado por alguém. - Mi... - olhei para ela até desaparecer, mas senti a minha cara a ser puxada e vi a rapariga do Skate.
-Chamo-me Zoe. - sorriu para ele e eu apenas a fitei olhando novamente para o portão. - Não te importes com ela Jeffy, não é a melhor para ti, estava desconfiada e provavelmente é uma obcecada.
-A Miriam não é... - ela tapou-me a boca.
-Pronto, vai continuar o teu combate. - deu-me um beijo e fugiu.

Fiz o meu décimo KO registado quando o brutamontes caiu no chão inanimado. Agora só conseguia pensar em duas coisas. Pensava na minha oportunidade de poder sair da ilegalidade para algo mais sério e legal, mas também não conseguia parar de me perguntar o que teriam feito à Miriam. Fui buscar o telemóvel enquanto todos me olhavam e me batiam palmas e assim que encontrei o meu telemóvel Zoe colocou-se à minha frente e puxou-me a cara para olhar para ela colocando o telemóvel no meu bolso.
-Parabéns! - Praticamente gritou aos meus ouvidos.
-Obrigado - sorri, estava contente por ter ganho, não podia negar. Vesti a t-shirt que tinha e tirei os calções vendo-a observar-me com toda a atenção vesti as calças e meti a minha mala nas costas preprando-me para ir embora
Estava já no portão quando ouço o meu nome, virei-me para trás e ela sorriu-me.
-Eu vou-te dar uma oportunidade. - ela sorriu-me e eu fiz o mesmo.
-Como? Tu tens contactos? -Trabalho para o meu pai e o meu pai é o dono - disse entusiasmanda.
-Obrigado! - disse sem saber mais o que fazer e ela abraçou-me beijando-me.

Afastei-a lentamente e olhei-a que me sorria esperançosa.
-Tem calma. Isto também não é assim - disse-lhe baixinho porque não a queria humilhar.
-Desculpa, entusiasmei-me - ele levou a mão à cabeça e sorriu-me. Assenti afastando-me ligeiramente - vamos sair. Festejar!
Olhei para o meu telemóvel de novo e depois para trás dela e vi Miriam.
-Miriam. - disse baixinho.

Larguei-me dela quando vi Miriam a ir embora.
-Não, vemo-nos por aí Zoe. Obrigado pela oportunidade. - agradeci e deixei-a a ralhar sozinha. Dei uma pequena corrida e consegui apanha-la. Olhei-a por momentos vendo que estava a chorar e engoli em seco.
-Estás a chorar? - Perguntei estúpidamente.

-Pára - pedi continuando a ir atrás dela. - Miriam diz-me tudo o que tens a dizer, sei que estás desejosa por fazê-lo. - disse-lhe - mas primeiro diz-me porque é que tiveste que vir aqui.