Jardim

-Não disseste que ias andar de Skate, então vamos andar, sempre é mais saudável que andar por aí nos copos - ri-me metendo o skate no chão começando a andar sobre ele, assim que chegámos à rua. Fomos para o lado mais movimentado do jardim e vi uma rapariga a atravessar-se mesmo à minha frente, também de skate até se espatifar toda no chão por ter travado por minha causa.

Parei o skate metendo-o de baixo do braço e ri-me levemente.
-Desculpa lá, mas eu é que devia ter travado não eras tu. - continuei a rir-me e ajudei-a levantar-se. O que vale é que ao contrário de nós ela tinha capacete e e joelheiras, estava toda equipada. Ela fez um sorrisinho atrapalhado. - Não faz mal. Eu estou bem.

Olhei para Miriam, fiz uma careta e fingi que ria em silêncio.
-Não lhe ligues, estás bem de certeza? É que caíste mesmo de boca - ri-me - não quero que vás parar ao hospital
-Não, eu estou bem, as minhas mãos apararam a queda.
-Mesmo assim - sorri e tirei uma caneta e um papel ja riscado e coloquei lá meu número com um ar todo preocupado. - Se precisares de ir ao hospital, toma - meti-o dentro da mão dela com a palma fechada - eu pago.
-Eu.. - ela começou por dizer mas depois sorriu-me percebendo a ideia e assentiu. - Obrigada. - deixei que ela se fosse embora e virei-me para Miriam. - Queres cair também aos meus pés? - Perguntei rindo-me.

-Tens ciúmes princesinha? - perguntei indo atrás dela e conseguindo grande avanço. Travei um pouco mais à frente e coloquei-me à frente dela fazendo com que não tivesse qualquer alternativa e parasse, agarrei-a pela cintura aproximando-me e fiz com que me encarasse. - Então? - Relembrei-a para que respondesse à minha pergunta. Fiz com que ela andasse para trás encostando-a a uma parede e impedindo que ela saísse.- Disseste que ias ser a minha amante. - Encostei-me a ela beijando-lhe os lábios

Não a larguei e ri-me - Eu não me atirei a ela, dei-lhe o meu número porque ela podia estar toda partida por dentro e não saber - disse-lhe com um ar muito sério. - Vais ficar aziada todo o dia agora? - Perguntei beijando-lhe o pescoço.

Olhei para a miúda com um suspiro. - Vê-se logo que ela é nova nisto, dá-lhe um desconto. E ela não parece uma freira, é bem boa. - sorri mas logo fiquei mais sério quando a olhei novamente.

Respirei fundo vendo-a a deitar a rapariga ao chão e fui ter com ela. Esta gaja conseguia passar-se.
-Outra vez? - Perguntei à gaja e ela olhou para Miriam que ainda não tinha parado de andar.
-Desta vez não foi culpa minha. - desculpou-se enquanto eu a ajudava a levantar-se. Ela agradeceu novamente e eu ofereci-me para a ensinar a andar. Era de noite e ela já sabia uns truques. Despedi-me e fui para casa procurar por Miriam.

Deixei-me cair no chão quando ele disse aquilo e as lágrimas começaram a correr-me mais pelo rosto. - Que vamos fazer? - perguntei num murmurei olhando para ele.

Dei uma volta pelo corpo, com uma cara de nojo, e passei a mão pelo seu sangue.
-Não sei... - murmurei e engoli a seco, cheio de medo. Ai george, o que é que tu foste fazer...

Engoli em seco e olhei o corpo do homem. Fechei os olhos e encostei a cabeça à parede. - Tenho medo... - sussurrei. Nunca me tinha passado pela cabeça que me fosse alguma vez acontecer uma coisa daquelas.

De repente algo me veio à cabeça. Olhei para a uma janela e em seguida para ela.
-Anda, temos de fugir antes que alguém nos apanhe aqui.. - disse e fui até ela, esticando o braço para a ajudar a levantar.

Levantei-me com a sua ajuda e olhei uma última vez o corpo do homem. - Não deviamos fugir... - disse mas depois pensei melhor. Se não fugissemos iamos presos... eu não queria passar o resto da vida enfiada dentro de quatro paredes. Suspirei. - Sim vamos fugir... - disse enquanto nos aproximavamos da janela.

Deixei-a ir à minha frente, ajudando-a a sair. Olhei uma última vez para o corpo e abanei a cabeça, sentindo-me culpado.
-Peço desculpa... - murmurei, sentindo-me estúpido por estar a falar com um morto, e saí mesmo atrás dela. Após uns passos, ouvi a porta da casa de banho a abrir e um grito de uma mulher assustada.

Saí rapidamente ali de dentro sem sequer olhar para trás. Parei por momentos quando ouvi um grito vindo da casa de banho. Engoli em seco e olhei para o George. - Vamos correr antes que alguém nos apanhe aqui.

Acenei com a cabeça para ela e corremos juntos até ao jardim, onde parámos no mesmo sítio que nos tinhamos conhecido há algumas horas.
-Achas que eles vão descobrir? - perguntei.

Sentei-me na relva assim que voltámos ao jardim. - Não sei... - disse suspirando. - Provavelmente... - murmurei. - Mas espero que não... ele ia violar-me, só nos defendemos. - disse tentanto arranjar desculpas para o que tinha acontecido.

Sentei-me à frente dela e coloquei-lhe o cabelo atrás da orelha.
-Estás bem, trixie? - murmurei com os lábios ainda a tremer, e as imagens de sangue do homem na minha cabeça.

- Nem por isso... - murmurei suspirando e encolhi os ombros. - Tenho medo do que possa acontecer. - disse olhando para ele.

Olhei-a e fiz um sorriso grande, tentando esquecer isto.
-Vamos começar de novo. - e levantei-me, correndo até à entrada do jardim e voltando a caminhar até ela, tropeçando - Peço desculpa, não te vi! Estás bem? - repeti.