Quarto de Jazmyn Clarkson

Mordi o lábio, agarrando na sua mão e fiquei a olhar para eles, que escusado será dizer, que também me olhavam.
- Nick.. - ouvi uma voz feminina e quando olhei para o lado vi Jennifer, a irmã de Nick. Reconhecia-a pelas fotos. Larguei a sua mão e afastei-me ligeiramente, sentindo uma mão agarrar-me no braço.
- Precisamos de falar consigo.- sussurrou-me a mãe de Nick e levou-me, juntamente com o seu pai, para a cozinha.
- O que querem? - perguntei com medo, olhando por cima do ombro, para sala, para Nick.
- Isto é muito simples Jazmyn, ou deixa que o meu filho case com quem tem de casar, ou garantimos-lhe que a sua vida daqui para a frente será um inferno.- engoli em seco e afastei o meu braço, recuando alguns passos.
- Vocês não podem fazer nada.- não podiam pois não? A mãe soltou um risinho e ajeitou as pulseiras de ouro que tinha no pulso.
- Nós conseguimos que não seja admitida em nenhuma faculdade, assim.- estalou os dedos.- num abrir e fechar de olhos.

-Nick... - ouvi e virei-me logo para trás para abraçar Jennifer, a minha irmã mais velha.
-Eu não vou casar com aquela loira, eu amo a Jaz, Jen... eu amo-a mesmo muito e não a vou deixar ir por causa dos pais - disse-lhe ao ouvido.
-Eu sei, maninho, eu sei - disse ela suspirando.

As lágrimas já escorriam pela minha face. Os pais dele não paravam, eles só diziam para eu o deixar, para eu o deixar ou todo o meu futuro ia por água a baixo. Eu queria ser médica, mas também queria amá-lo, queria amá-lo e ser dele, só dele.
- Não.- abanei a cabeça.- eu não vou deixar o Nick.- abanei a cabeça várias vezes e passei as costas da mão pelas minhas bochechas, fungando.
- Pois não, você não vai deixá-lo, você vai simplesmente deixá-lo magoado, será motivo mais do que suficiente para que ele já não queira mais nada consigo.- a mãe de Nick sorriu-me, tocando-me na face. Afastei a cara rapidamente e afastei-me dela, o mais que consegui. Não, eu não podia magoá-lo, ele ia ficar triste comigo, eu não queria isso. Eu não aguentava magoar o rapaz que amava.
- Mas eu amo-o...- disse baixinho, devido ao choro.
- Pois minha querida, mas não se pode ter tudo, ou é o suposto amor do meu filho ou a sua carreira enquanto médica, é médica não é? - fez uma cara estranha. O meu choro estava incontrolável, eu não conseguia sequer pensar no que fazer. Era a minha carreira e o meu namorado, eram ambos importantes, eram ambos necessários.- vá agora recomponha-se que temos assuntos a tratar.- estendeu-me um lenço de papel e eu apenas a ignorei, limpando a cara com as mãos. Eu não sabia como ia fazer isto, mas acima de tudo, eu não queria fazer isto. Quando cheguei à sala, estaquei ao ver Nick. O seu corpo perfeito, o seu cabelo estrategicamente desalinhado, os seus olhos castanhos, ele era meu...era o meu menino.
- Nick...- chamei baixinho.

Depois de ter falado com a minha irmã, mandei um olhar nojento à outra e aos pais.
-Jaz? Onde é que te meteste? - perguntei procurando por ela.
Estava para sair da divisão mas ela entrou e parecia que tinha estado a chorar - Amor, que se passa? - puxei-a para mim e beijei-a.

Engoli em seco quando me puxou para ele e como sempre, fechei os olhos enquanto o beijava. Era a última vez, era o último beijo. Eu sabia-o. Agarrei a sua camisola com as minhas mãos e puxei-o para mim o mais que consegui. Entreabri os seus lábios com os meus e beijei-o tão intensamente que as lágrimas correram pela minha face durante o beijo. Pára Jaz, tu tens de ir embora. Arranjei forças que não sabia que tinha e afastei-o, tentando parar as lágrimas.
- Nick...- suspirei, olhando o chão.- eu...eu não consigo mais, eu pensava que te amava...- oh meu deus.- que queria estar contigo, mas...acabou.- disse tão friamente que senti o meu coração desaparecer, eu ia perdê-lo.

Olhei para Jaz quando ela se afastou e fiquei em choque quando ela começou a falar - Isso é mentira Jaz, eu sei-o, se isso não fosse verdade não me tinhas beijado da maneira que me beijaste - suspirei e agarrei nas suas mãos - Por favor, Jaz, não me deixes.

Abanei a cabeça várias vezes e afastei as minhas mãos das suas. Aquilo doía tanto, mas era o melhor não era? Eu não podia por em risco a minha vida, e ele ia ser mais feliz com ela...mas quem é que eu queria enganar.
- Não Nick.- afastei-me.- eu não te amo, eu já não te amo.- eu amo-te tanto.- eu já não quero estar mais contigo.- abraça-me por favor.- acabou.

Aquelas palavras atingiam-me como facas no coração e eu não me conseguia conformar com aquilo tudo. Não... não...
-Mas Jaz... - olhei para ela largando as suas mãos sem saber o que fazer - Eu amo-te - suspirei e passei as mãos pelo cabelo.

Eu não queria isto, não, eu não o queria magoar, eu não me queria afastar dele. Era ele, era o Nick, era o homem da minha vida, o rapaz que eu amava. Se alguma vez me disseram que amar era algo perfeito, eu começava a duvidar realmente disso. Não existiam contos de fadas, não existiam finais feliz, existia apenas histórias temporárias, felicidades a curto prazo, nada mais do que isso.
- Pois...- baixei o olhar e peguei na minha mala.- mas eu não te amo.- tentei ser o mais fria possível e saí dali, eu só queria morrer, tão simples quanto isso.

Eu olhei para ela enquanto ela fazia e dizia aquelas coisas todas e caí no sofá olhando-a sair dali.
Fiquei uns quantos minutos em choque e depois a outra veio ter comigo perguntar-me se eu estava bem, mas rapidamente a afastei. Após isso Jennifer sentou-se ao meu lado e abraçou-me. Comecei a chorar nos braços dela repetindo várias vezes que amava Jaz.

Não consegui andar muito. As lágrimas não me deixavam ver por onde andava e a dor que sentia não me deixava fazer nada, a não ser chorar. Eu não queria imaginar como é que ele estaria neste momento. Eu tinha dito que não o amava, que não queria estar com ele, que era tudo o que mais precisava neste momento.
Sentei-me no primeiro banco de jardim que encontrei e abracei os meus joelhos, chorando descontroladamente.
- Eu também te amo...- disse muito, muito baixinho.

Os meus pais entraram na sala e eu mandei-lhes um olhar nojento, eles tinham alguma coisa a ver com isto, de certeza absoluta.
-Maninha, eu vou para o colégio, depois falamos - beijei a sua testa e saí dali sem dirigir a palavras aos meus pais. Entrei dentro do carro sem olhar para ninguém que para ali tivesse e conduzi até ao colégio.

- Pára Jaz, foste tu que criaste esta situação, só tens de saber lidar com ela.- disse enquanto passava as mãos pela cara e me levantava, tentando parecer forte. Eu tinha acabado com a melhor parte da minha vida, e tudo porque não queria perder a oportunidade de seguir o meu sonho. Seria eu assim tão egoísta? Ajeitei a mala ao meu ombro e comecei a andar até ao colégio, e foi aí, que o meu corpo paralisou ao ver o carro de Nick passar por mim. Sustive a respiração e continuei a andar meio encolhida. Só esperava que ele não me tivesse visto.

Cheguei ao colégio completamente podre e fui para o meu quarto logo, deitando-me na cama a olhar para o nada.
Não tinha a minha Jaz mas também não ia casar com a outra.

Viver sem o Nick? A pior coisa que me podia ter acontecido. Acordar sem o sentir do meu lado, não sentir os seus lábios nos meus, não ouvir o seu ''amo-te minha Jazmyn''. Ele fazia-me tanta falta. Passei as mãos pela cara, limpando as lágrimas que não paravam de cair e arranjei-me para mais uma noite. Sim, ultimamente bebia até esquecer, o problema era a manhã seguinte. Eu não sabia viver sem ele, era-me impossível. Vesti os calções mais curtos que tinha e um top super decotado. Maquilhagem arrojada, cabelo arranjado, perfume e pronto, estava pronta. Suspirei, guardando a camisola de Nick no armário e saí, antes que começasse a pensar no que não devia. Saí do camp e depois de andar um bocadinho, cheguei à discoteca mais próxima. Fiz a mesma careta de sempre devido ao volume da música, mas a verdade é que daqui a nada já nem isso me iria incomodar. Dirigi-me ao balcão e debrucei-me sobre o mesmo, chamando a atenção do empregado graças ao meu decote.
- O mesmo de sempre.- pedi com um olhar maroto e não tardou a que me trouxesse. Bebi um e mais outro e ainda outro de seguida e não demorou a que o espectáculo começasse.- aiaiaiaiai.- comecei a rir-me que nem uma maluca e subi para o balcão, começando a dançar muito sensualmente.
- Oh princesa, deixa-me dançar contigo.- um homem qualquer tocou-me na perna. Mordi o lábio e debrucei-me, escancarando o meu decote de novo.
- Oh sapo feio, não vais ser o meu príncipe, eu não te vou dar beijinho.- espetei-lhe um dedo no nariz.- o meu príncipe é o Nick! - bati palminhas.