Restaurante Stela Artois

-Como assim o quê? - olhei-a vendo que ficara surpresa- Os meus pais não suportam da ideia de eu não ser perfeito, então sempre que faço uma coisa que eles não estejam à espera põe-me num psicólogo para saber o que se passa comigo. O que é que acontece depois? - fingi que ela me perguntou - eles dizem que eu estou óptimo e mandam-me embora. - aproximei-me mais dela - eles são uns obcecados.

-Eu sou normal - assenti - os psicólogos também acham - encolhi os ombros - mas pronto, eles dão-me dinheiro, são fixes.

Fiz uma careta só com o cheiro e olhei para a comida quando já estava tudo pousado.
-Para a próxima não faço o que fiz hoje. - ri-me começando a servir-nos aos dois. Senti o telemóvel a vibrar, se fosse a minha mãe passava-me da cabeça. Tirei-o lendo a mensagem e olhei para Miriam. - Vamos jantar nas calmas, mas depois vou ter que sair - cocei a cabeça. - Vou ter contigo depois.

Encolhi os ombros. - Não, mais ou menos... Avisaram-me agora que tinha umas coisas para fazer, nada de importante. - disse logo. Não queria que ninguém soubesse, até mesmo ela que era a pessoa que mais confiava. Olhei para os canellones e provei um olhando para ela. - Isto não é assim tão mau, mas continuo a não gostar.

-Vai ser difícil, - avisei-a bebendo o meu sumo. Eu podia gostar muito de bebidas alcoólicas mas detestava bebe-las à refeição - tu nunca te calas, eu tenho que te responder - brinquei rindo-me.

- Tens uma lata. - Semicerrei os olhos para ele e agarrei no meu copo, bebendo.

Olhei para a garrafa de coca cola e ri-me. - Na verdade tenho uma garrafa, mas em lata também servia- - brinquei - estou a brincar princesinha. - toquei-lhe na perna como um pedido de desculpas.

-O que é que foi? - Perguntei rindo-me com aquele olhar. - Miriam... - ri-me - esse olhar...

- O que tem o meu olhar, incomoda-te? - Questionei num tom sedutor.

-Não incomoda nada, mas assim não vou conseguir comer nada. - sorri olhando para ela e mordendo o lábio.

-Porque estou a ficar em sofrimento - disse ao mesmo tempo a que sentia um dos pés dela a passar pela minha perna. Susti a respiração e bebi o meu sumo.

Bebi o resto tentando disfarçar e sorri olhando em volta.
-Sim, um sofrimento bom. - ri-me.

- De que tipo? - Procurei saber.

-Princesinha - avisei-a olhando-a - estás a provocar-me - sorri enfiando uma garfada na boca - um sofrimento que me faz querer pegar em ti e levar-te para uma cama.

-Pois tenho - olhei para o prato e fiz uma careta - eu também já cabei. Não tinha apetite, quanto mais contigo a picar-me. - queixei-me com um suspiro. Desci as mãos às minhas calças, ainda estava bem, mas se ela me tivesse provocado mais não ia puder levantar-me.

-Estás com mais pressa que eu não estás? - Perguntei chamando o empregado e pagando-lhe logo a conta em dinheiro. Levantei-me atrás dela e olhei-a - nem a sobremesa comes. - resmunguei passando-lhe a mala dela. Levei as mãos aos bolsos. - Levo-te a casa?