House ( Carter's family)

Mesmo quando parámos de nos abraçar eu continuei o mais encostada possível ao Gary - Não consigo mexer as pernas mas a enfermeira disse que era normal. - disse com um pequeno sorriso para o tentar descansar. Já sabia como é que ele era, ia começar a pensar o pior e a culpar-se quando a culpa não tinha sido dele. Eu ia recuperar, claro que ia. Não podia ficar sem andar, sem fazer surf, sem isso tudo. Não podia... - Vou ficar bem, não te preocupes.

Mexi nos seus cabelos e engoli em seco quando ela disse aquilo sobre as suas pernas, já tinha ouvido algo daquele género quando estavamos na ambulância a caminho do hospital. Assenti com a cabeça.
- Eu espero bem que sim. - disse e baixei-me até lhe dar um leve beijo na testa. - Eu devia ter tido mais cuidado. - retorqui. - A culpa disto tudo é minha.

Deitei-me melhor na cama e abanei muito a cabeça ao ouvir aquela parvoíce que eu já sabia que ia sair da boca do Gary - A culpa não foi tua. Estávamos na nossa faixa, ele é que veio contra nós e foi isso que nos trouxe aqui. - ajeitei as mantas que estavam por cima de mim e tentei distraidamente mexer as pernas mas nada - Por falar nisso, sabes alguma coisa do condutor?

Encolhi os ombros com as suas palavras e suspirei baixinho.
- Mas mesmo assim... - eu sabia que tinha culpa daquilo, por muito que ela dissesse que não, eu sabia muito bem que tinha. Voltei a suspirar e fiz uma cara confusa. - Não sei. Eu estava meio em choque que nem conseguia prestar direito atenção nas coisas. - disse-lhe. - Depois tento perguntar a alguém. - acrescentei.

- Mesmo assim nada. - resmunguei com um revirar de olhos. Cheguei-me com algum custo para a ponta da cama e olhei para o Gary - Anda para aqui. - chamei com um pequeno sorriso enquanto afastava os lençóis para que ele viesse para ao pé de mim - Está bem, depois diz-me. Apesar de tudo não quero que ele esteja mal. - voltei a tentar mexer as pernas e quando não consegui nada acabei por desistir - Os pais? Eles já sabem o que se passou?

Subi para a cama e sentei-me ao lado dela na mesma, fiz-la encostar a cabeça ao meu braço e passei os dedos pelos seus cabelos e rosto.
- Eu quero lá saber se ele está mal ou não, se estiver é bem feito. - suspirei. - Sim, já sabem e daqui a pouco já devem chegar aqui. - disse-lhe.

Sorri assim que o Gary veio para ao pé de mim e deitei a cabeça no ombro dele, deixando-me estar sossegadinha ao sentir as festinhas dele - Não sejas assim. Mesmo tendo sido a culpa dele espero que ele não esteja muito mal. - beijei-lhe a bochecha e voltei a deitar a cabeça no ombro dele - Vão ficar todos preocupados. - abanei a cabeça desaprovadoramente - Vê se os acalmas, sim? Não vale de nada.

Encolhi os ombros e suspirei baixinho.
- Não tenhas pena dele, ele não merece. - disse-lhe enquanto ia passando os dedos pelos seus cabelos. - E agora não vamos pensar nisso que não vale a pena. Não vai mudar nada e não. - retorqui. - Pois vão... - e isso não me agradava nada pois só ia fazer com que nós os dois nos sentissemos pior. - Sim, não te preocupes com isso. Tens é de descansar, isso sim.

Tentei ignorar o que o Gary estava para ali a dizer porque sabia muito bem que não valia a pena dizer nada, ele nunca ia mudar a opinião de que era o culpado, era mais cabeça dura que sei lá o quê. Ajeitei-me melhor na cama de hospital, com a cabeça no peito dele e fechei os olhos enquanto puxava os lençóis mais para cima apesar de não ter frio - Está bem mas descansa também. Também precisas, eu não era a única naquele carro.

Deixei-a ficar ali encostada a mim enquanto lhe ia dando mimos. Encolhi os ombros e olhei para ela.
- Não te preocupes comigo. - disse apenas, ela tinha ficado pior que eu e tinha de descansar muito mais do que eu. Eu apenas queria ficar ali ao lado dela.

- Sabes que isso é impossível. - respondi já de olhos fechados mas ainda a sorrir. Sempre me tinha preocupado com ele e ia continuar a fazê-lo até morrermos. Ele era meu irmão e muito mais do que essa ligação, tínhamos a ligação de sermos gémeos. Ele era mais do que muito importante para mim. Encostei melhor a minha cara ao peito do Gary e adormeci logo de seguida.

- Eu sei disso. - disse enquanto acariciava levemente o seu rosto. Percebia que ela se preocupava comigo, porque acontecia exatamente o mesmo comigo em relação a ela. A nossa ligação era demasiado forte. Olhei-a depois de um bocado e apercebi-me que já tinha adormecido. Sorri para mim e deixei-me ficar ali sossegado enquanto a via dormir.

Só voltei a abrir os olhos quando comecei a ouvir muita agitação no quarto. Esfreguei os olhos para acordar e consegui ver finalmente os nossos pais ali no quarto a falar com um médico.
- Oh Reed. - a minha mãe aproximou-se e agarrou na minha mão - Querida, vai ficar tudo bem. - assenti com a cabeça e esforcei-me por sorrir. Sim, precisava de os fazer acreditar que ia ficar tudo bem apesar de eu não saber se isso ia mesmo acontecer.
- Vais ficar bem. - repetiu o meu pai com um sorriso - E o Gary? Ele está bem?

Tinha acabado também por adormecer, e só despertei de novo quando comecei a ouvir muito barulho à minha volta. Barulho esse que me fez acordar.
- Sim, eu estou bem. - disse abrindo os olhos quando ouvi o meu pai perguntar sobre mim. - Não precisam de se preocupar comigo. - esbocei um leve sorriso, para os descansar.

- Claro que também não precisam de se preocupar comigo. - acrescentei com um revirar de olhos por já saber como é que eles os três eram. Olhei para o Gary e a seguir para os meus pais - Vocês têm que ir para casa descansar. Eu fico bem umas horas sozinha, não sou nenhuma bebé. - empurrei o Gary mas claro que força porque não queria que ele caísse da cama, só queria que ele percebesse que era para sair - Voltam logo até porque a hora de visitas agora está a acabar.

Olhei-a quando ela disse para nos irmos embora. Eu não queria ir embora e deixá-la ali sozinha.
- Eu não quero ir embora daqui. - retorqui ainda a olhar para ela. - Posso ficar aqui contigo na mesma. - disse.

Revirei os olhos por o Gary ser tão teimoso - Depois voltas. Precisas de descansar também e aqui não vais conseguir fazê-lo. - ajeitei a mantinha da cama que estava por cima de mim e olhei novamente para o meu irmão e os meus pais - Voltam mais logo. Até porque eu quero um hamburguer do mc. - disse com um sorriso - Comida de hospital é horrível e quero alguma coisa de jeito. Por isso vão descansar e voltem logo.

Revirei os olhos e apesar de não concordar com ela, acabei por ceder. Não valia a pena insistir e mais logo eu voltaria para aqui, para a beira dela para me certificar de que ela estava bem.
- Mais logo eu volto. - disse-lhe já depois de me levantar da cama. - Mas não te trago mc donald. - brinquei com ela e semicerrei os olhos tentanto fazer uma cara séria. Os nossos pais despediram-se da Reed dizendo-lhe algumas coisas e depois dei-lhe um leve beijo na testa.

- Sim sim. Logo. - repeti com um sorriso. Queria sair do hospital, o meu único problema grave eram as pernas porque os arranhões não faziam mal nenhum. Será que eu podia ir para casa? Afinal aqui só estava na cama e tomava medicamentos, tudo o que eu podia fazer em casa na mesma mas era melhor não me pôr com ideias que já sabia como é que os meus pais e o Gary eram - Trazes sim. - disse com um beicinho e acenei a todos com a mão.

Abanei que não com a cabeça e depois de nos despedirmos todos dela, acabámos por ir embora para casa. Aquela ideia de a deixar ali sozinha não me agradava nada, no entanto não podia fazer nada em relação a isso.
Assim que chegámos a casa, subi para o meu quarto, apenas pelo simples facto de que me apetecia estar sozinho. Deitei-me na cama, e acabei por adormecer.

Sozinha no hospital não tinha nada para fazer por isso limitei-me a ver televisão, mas até disso me fartei depressa. As enfermeiras entravam e saíam do meu quarto para saber se estava tudo bem mas nunca diziam nada de mais. Continuava sem sentir as minhas pernas e estava preocupada com isso mas tinha que continuar a fingir que estava tudo bem pela minha família. Estava tão entediada que acabei por adormecer.

Depois de algumas horas passadas em casa, estava já completamente farto e na verdade preocupado com a Reed. Tinha medo que ela não estivesse bem. Acabei por sair de casa, depois de ir falar com os meus pais e antes de ir para o hospital, passei pelo mc donald para comprar comida para a minha irmã. Sorri para mim e fui para o hospital.

Esfreguei os olhos com um suspiro assim que acordei por causa do barulho do corredor mas sorri assim que minutos depois o Gary apareceu à porta do meu quarto - Olá. - estar ali sozinha era horrível mas também não queria que eles ficassem ali fechados e preocupados comigo - Trouxeste-me comida não trouxeste? - perguntei fazendo um beicinho.

Abri a porta do quarto da Reed e sorri de imediato assim que ouvi logo a sua voz.
- Olá. - disse ainda com o sorriso no rosto e fechei a porta, entrando de seguida dentro do seu quarto. Escondi o saco do mc donald atrás das costas e abanei negativamente com a cabeça. - Claro que não trouxe, eu disse que não ia trazer. - encolhi os ombros e quando cheguei à beira dela dei-lhe um leve beijo na testa.

Semicerrei os olhos enquanto olhava para o Gary - Trouxeste sim, está atrás das tuas costas. - resmunguei ao vê-lo aproximar-se da minha cama com uma mão atrás das costas. Sorri com o seu beijinho na minha testa e estiquei-me até lhe conseguir dar também um na bochecha - Agora dá cá. - pedi com um beicinho - Tenho fome.