House ( Carter's family)

Recostei-me para trás no sofá e acabei por ficar ali durante o tempo todo, aliás, nem sequer tinha dado pelo tempo passar até que a Reed voltou. Olhei para ela e fiz uma cara fofinha.
- Hmm não sei. - mordi o lábio para não me rir.

Semicerrei os olhos ao Gary quando disse que não sabia o que fazer - Isso é muito útil não haja dúvida. - deitei-me no sofá e olhei para a televisão. Era uma seca quando não tínhamos nada para fazer. Se não fossem as festas e as saídas com os nossos amigos, ficávamos fechados em casa sem fazer nenhum e isso era uma porcaria - Podemos ir dar uma volta, sei lá. Qualquer coisa é melhor que ficarmos aqui fechados em casa.

Encolhi os ombros e encostei a cabeça para trás, como ela estava deitada mesmo ali à minha beira, levei uma mão ao seu cabelo e comecei a mexer no mesmo distraidamente.
- E queres ir dar uma volta onde? - perguntei-lhe.

Fechei os olhos assim que senti a mão do Gary no meu cabelo, a fazer festinhas no mesmo. Adorava quando me mexiam no cabelo e o Gary tinha o dom de me deixar completamente "adormecida" com estas festinhas - Hm. - murmurei com um suspiro, já completamente afastada da conversa - Não sei, por ai. - encolhi os ombros e abri os olhos para o conseguir ver - Foi só uma ideia porque não me lembro de mais nada para fazermos.

Assenti com a cabeça e continuei com os dedos pelo seu cabelo.
- Se quiseres dormir antes, estás à vontade. - disse com uma pequena gargalhada, visto que ela estava com cara de quem tinha sono. - Hm vamos então. - encolhi levemente os ombros mas deixei-me ficar no mesmo sítio.

- Não quero, as tuas festinhas é que me estão a deixar assim. - disse deitando-lhe a língua de fora e acabei por me sentar no sofá ou não me levantava nem o Gary o fazia. Ajeitei a minha roupa e estiquei-me toda de seguida, enquanto esperava que o Gary se levantasse do sofá também - Estou pronta para irmos. - estiquei as mãos na direção dele para que as agarrasse e se levantasse - Podemos ir de carro e vamos passear por ai, depois se encontrarmos algum sítio paramos e saímos.

Ri-me levemente e assenti com a cabeça, agarrei a mão dela e acabei por também eu me levantar dali. Estava a ficar cheio de preguiça, mas sabia que ficar ali só me ia deixar pior.
- Está bem. - sorri-lhe e agarrei-lhe na mão para irmos para o carro.

Abri a porta do carro e entrei no mesmo logo de seguida. Assim que coloquei o cinto de segurança fiquei à espera do Gary. Continuava a tentar pensar em alguma coisa para fazermos mas não me lembrava de nada por isso o melhor era mesmo passearmos de carro e pararmos no primeiro sítio que fosse interessante - Se não encontrarmos nada de jeito para fazer vamos ao starbucks. - disse com um sorriso malandro.

Depois de amboa entrarmos no carro, comecei a conduzir, mais ao menos sem destino, visto que não sabiamos muito bem para onde ir. Ri-me com o que ela disse.
- Isso parece-me uma boa ideia. - olhei-a de relance, sorrindo-lhe. - precisamos mesmo de arranjar algo para fazer e para passar o tempo. Senão, vou aborrecer-me de estar de férias. - fiz uma careta ao dizer aquilo.

- Eu sei, vamos encontrar alguma coisa para fazer, não te preocupes. - disse com um sorriso enquanto olhava em volta à procura de algum sítio para irmos ou alguma coisa para fazermos. Levantei o braço para apontar para o jardim mas não cheguei a dizer nada porque tudo aconteceu muito depressa. Um carro veio contra nós, do meu lado e apesar de estar com o cinto de segurança, fui para a frente e bati com a cabeça no painel do carro. Senti-me bastante tonta, com os ouvidos a zumbir e não sentia absolutamente nada no resto do meu corpo - Gary? - chamei antes de perder os sentidos.

Sorri-lhe e assenti com a cabeça ao que ela disse, esperava mesmo que arranjassemos porque caso contrário, começava mesmo a aborrecer-me. De repente, fui afastado destes pensamentos quando um carro veio contra o meu. Foi tudo demasiado rápido, no entanto, tinha conseguido "proteger-me" ponto um braço em frente ao meu rosto, fazendo assim com que o embate da minah cabeça fosse um pouco amortizado. No entanto, o carro tinha batido com bastante força e senti um fio de sangue correr-me pela testa, o meu carro até tinha sido empurrado uns metros, devido à força daquele embate. Olhei para o lado, meio atordoado pelo choque, e vi a Reed com sangue no rosto e ouvi ainda ela a dizer o meu nome.
- Reed???? - chamei-a alto no entanto, apercebi-me que nesse momento ela tinha perdido os sentidos. Engoli em seco, o embate tinha sido no lado dela e, portanto ela devia estar ferida, muito mais do que eu. Comecei a ouvir barulhos vindos do lado de fora do carro, as pessoas começavam a juntar-se ali à volta e alguém abriu a porta do meu lado do carro. - A minha irmã. - consegui dizer num fio de voz, estava tão nervoso e sei lá, estava em choque pelo que tinha acontecido e com medo por causa da Reed. Ouvi alguém a dizer que já tinham chamado a ambulância e respirei fundo.

*Paramédico sexy e fofo chamado Jim*
Assim que saí da ambulância, começaram as ordens para cada um fazer o que tinha a fazer. O Tim foi tratar do rapaz que também tinha sido vítima do acidente mas que parecia estar apenas em choque e com uma ferida na cabeça mas pelo que nos tinham dito ao telefone, o pior era a rapariga. Tinham sido dadas ordens para que não a mexessem do lugar porque ao parecia, as pernas dela estavam presas.
- Consegues ouvir-me? - perguntei à rapariga assim que entrei no carro pelo lugar do condutor que era o único sítio que dava para entrar nos lugares da frente uma vez que a outra porta estava toda para dentro - Vou tirar-te daqui.
- O Gary? - perguntou ela muito baixinho - Não sinto as pernas.
Forcei-me a sorrir apesar de ouvir o pânico na sua voz - O rapaz está bem e não te preocupes, vou tirar-te daqui e vai ficar tudo bem quando chegarmos ao hospital.

Sai de dentro do carro com a ajuda de alguém, já depois de os paramédicos chegaram. Parecia que sentia a minha cabeça a andar a roda e estava-se a formar uma enorme dor de cabeça, tudo aquilo devia-se ao facto de ter batido com a cabeça. Sentei-me numa maca enquanto me davam logo uns comprimidos para as dores e fiquei depois a olhar para o carro enquanto tiravam a Reed lá de dentro. Só esperava que tudo estivesse bem com ela, caso contrário iria sentir-me culpado para o resto da minha vida.

*Reed fofinha*
Assenti com a cabeça ao ouvir o paramédico apesar de não ter prestado muita atenção ao que ele disse, apenas à parte em que o Gary não estava muito mal. Não sentia as minhas pernas mas não estava muito preocupada porque havia muita coisa que eu não sentia neste momento.
Só voltei a abrir os olhos quando já estava dentro de uma ambulância e apesar de não perceber nada do que estavam para ali a dizer, ouvi alguma coisa sobre as minhas pernas, sobre não conseguirem fazer nada com as minhas pernas.

Depois de levarem a minha irmã para dentro da ambulância eu fui juntamente com ela, não só para a acompanhar ao hospital mas também porque me queria fazer alguns exames para ver se tudo estava bem comigo. Aparentemente eu estava bem, mas por vezes nem tudo era o que parecia. Eles iam para ali a falar sobre a Reed e por mais que eu tentasse prestar atenção a verdade era que quase não conseguia. Sentia-me tão mas tão confuso que parecia que apenas conseguia ouvir partes daquela conversa.
- Que tem as pernas dela? - perguntei meio confuso e de olhos arregalados.

*pronto, fofinho on outra vez*
As pernas da rapariga continuavam a não ter qualquer tipo de reação ou reflexo pelo que podia ser de esperar o pior. Quanto mais tempo demorássemos a chegar ao hospital que pior podia tornar-se o caso. Mas estávamos quase a chegar e íamos fazer os possíveis por ela e ver como estava o irmão que apesar de parecer bem podia ter alguma coisa grave.
- Ela não tem reflexos nas pernas. - respondi ao rapaz - Precisamos de chegar rapidamente ao hospital para resolver o problema. Não te preocupes, vai ficar tudo bem.

Fiquei em silêncio enquanto tentava assimilar as coisas que me estava a dizer. Mas será que eu estava a ouvir bem? Engoli em seco e olhei para a Reed.
- Ela vai mesmo ficar bem? - precisava de ter a certeza que sim, acho que estava a começar a odiar-me por causa daquele acidente. Se ela ficasse mal a culpa era toda minha.

Sorri ao ver o hospital a uns poucos metros de distância o que nos dava a possibilidade de tratar melhor da rapariga e ver se estava mesmo tudo bem com o rapaz. Olhei novamente para ele quando o ouvi falar de novo - Prometo que vou tentar fazer o máximo para que ela fique bem. Pode ser menos grave do que pensamos. - sorri-lhe apesar de não saber se aquilo que eu tinha dito era assim tão verdade.

Engoli em seco e apenas assenti com a cabeça ao que ele disse. Não tardou a que chegassemos ao hospital e sai de dentro da ambulância, de seguida tiraram a Reed e depois levaram-nos para o interior do hospital. Peguei no meu telemóvel, que felizmente ainda funcionava e liguei para os meus pais a contar-lhes o que se tinha passado. Logo depois disse "obrigaram-me" a ir para uma sala para eu fazer alguns exames e depois disso levariam-me a ir ter com a Reed.

*Reed*
Sabia que tinha perdido os sentidos porque a minha última recordação era quando ainda estava no carro, no carro completamente destruído. Agora estava num quarto de hospital e não fazia a mínima ideia de como tinha vindo cá parar, por isso é que sabia que tinha ficado inconsciente.
Olhei em volta para tentar perceber o que passava mas só ai é que percebi que não me conseguia mexer, pelo menos não da cintura para baixo. Tinha as pernas presas e por mais que tentasse mexe-las não conseguia. Olhei em pânico à minha volta e assim que encontrei o botão para chamar uma enfermeira, comecei a tocar no mesmo várias vezes.

Levaram-me para uma sala onde me fizeram vários exames para ver se estava tudo bem comigo. Eu tinha a certeza que estava, a não ser a dor de cabeça horrível e o facto de eu estar preocupado com a Reed, tudo o resto estava normal. Depois dos exames feitos disseram que dali a cerca de uma hora me diziam os resultados dos mesmos. Sai daquela sala e vagueei pelos corredores tentando encontrar alguém que me dissesse onde é que a minha irmã estava. Precisava mesmo de a ver e de estar com ela.

- Aconteceu alguma coisa, querida? - perguntou a enfermeira de uma certa idade que apareceu no meu quarto.
Enquanto esperava tinha continuado a tentar mexer-me mas não conseguia fazer nada. A cabeça doía-me, tudo me doía menos da cintura para baixo porque eu não conseguia fazer nada - As minhas pernas. - disse com a voz rouca - Não consigo mexer as pernas.
Ela olhou-me com um pequeno sorriso como se eu fosse um cãozinho abandonado - É normal, querida. Estiveste num acidente de viação muito grave. Tens de descansar para conseguires recuperar. Se precisares de alguma coisa é só chamar. - disse ela antes de ir embora.

Acabei por encontrar uma enfermeira num dos corredores e depois de lhe explicar o que tinha acontecido e de lhe dizer que eu era o irmão da Reed e que estava com ela, ela acabou por me dizer o número do quarto onde a minha irmã estava. Andei rapidamente até lá, abri logo a porta e entrei de imediato no quarto.
- Reed? - chamei-a e fiquei um pouco aliviado ao ver que ela estava acordada. - Como estás? - perguntei enquanto avançava em direcção à cama. Acabei por abracá-la com força.

Continuei a tentar mexer as pernas ou os pés mas não conseguia fazer nem uma coisa nem a outra. As palavras da enfermeira continuavam na minha cabeça, aquilo ia passar, eu sabia que sim. Ou então não. Porque havia uma vozinha que me dizia que isso era uma completa mentira. Levantei a cabeça ao ouvir o Gary falar e abracei-o com força assim que ele veio ter comigo - Tu estás bem? Não tens nada?

Abracei-a ainda mais e depois apenas separei o abraço para poder olhar para ela.
- Sim, eu estou bem. - disse-lhe e passei os dedos pelo seu rosto. - E tu como é que estás? - perguntei, sinceramente neste momento nem sequer me estava a importar muito com o meu estado, pois apenas queria saber como é que ela estava.