Rio

Antes de vir para esta universidade, tinha feito os meus estudos sobre os cantos todos da mesma, não podia passar vergonhas.
Não tinha intenções nenhumas de mergulhar na água e além disso nem vestido tinha.
Sentei-me numas pedras lá ao pé e comecei a ouvir música.

Fui passear pela escola e acabei por ir dar a um rio. Apetecia-me mesmo dar um mergulho mas a minha atenção focou-se numa miúda que estava sentada numa pedra ao pé da margem. Fui por trás dela e cumprimentei-a mas reparei que ela ouvia música e por isso toquei-lhe nas costas, assustando-a.
- Hey! - sorri. - Desculpa, não queria assustar-te. - mexi no cabelo.

Quando uma das minhas músicas favoritas estava prestes a começar, senti alguém tocar-me nas costas, fazendo-me saltar e mandar um guincho.
-Eu..ahhh QUE SUSTO! - tentei raciocionar, levando a mão ao peito.
Um rapaz moreno e por sinal, muito jeitoso estava perante mim.

- Então o que faz uma princesinha por aqui? Perdida? - às vezes conseguias ser mesmo foleiro man!
Sentei-me ao pé dela, esperava que não se importasse.

-Aqui a princesinha não está perdida - afastei-me um bocado e olhei-o pelo canto do olho e voltei a colocar os fones nos ouvidos, olhando para o rio.

Boa, mais uma que tinha a mania. - Ok, estava só a tentar ser simpático. - não me aproximei dela, pelo contrário.
Afastei-me um pouco dela e comecei a mandar pedras ao rio.

Olhei de lado para o rapaz para ver melhor a sua aparência. Que deusinho grego que me tinha ido parar ali, mas eu com a mania da estupidez, respondi-lhe mal.
Olhei para o outro lado e vi uma cobra enorme a uns metros.
Mandei um guinchinho e tapei a boca para não sair nada mais alto.
-Cobra - disse para o rapazinho - Cobra!

- Cobra? Onde? - pus-me a pé e avistei-a.
Comecei a rir-me, a cobra era minúscula e inofensiva. Cheguei ao pé dela e enchutei-a para a água novamente. - Era tão pequenina... - disse espantado.

-Ali - levantei-me e pus-me atrás dele - ERA ENORME! E se era venenosa? Depois morria toda a gente aqui? Tu viste o tamanho daquilo? Era capaz de engolir um elefante!!!

A miúda era mesmo exagerada, mas tinha a sua piada. - Calma, já foi. Estamos salvos. Nós e o elefante. - não aguentei e desatei a rir.

-Não te rias!! Não tem piada, mocinho!!! - resmunguei e comecei a andar em frente, furiosa e splash, caí na água.
Comecei a chafurdar e aos guinchinhos de novo, visto que não tinha pé e eu só mergulhava onde tinha pé, com medo de me afogar.

Quando vi que ela não sabia nadar, ou pelo menos não se estava a safar neste momento, tirei a camisola num instante e no outro estava dentro de água a ajudá-la a sair. - Fogo miúda, tem cuidado por onde andas! - bufei quando já estávamos ambos em terra firme.

-Tu é que começaste!!! Por isso, tecnicamente a culpa é tua - resmunguei também e tirei as mãos dele de cima de mim, visto que ele estava demasiado próximo de mim. Assim que olhei para ele, sustive a respiração e olhei-o de alto a baixo.

- Pois, mas praticamente é tua porque foste tu que caíste ao rio e não eu! - respondi em forma de gozo. - E pelo menos podias saber nadar, poupavas-me o trabalho que tive. - afastei-me dela e ela de mim. - Não me olhes assim, eu sei que sou bom. - ri-me.

-Mas...uuurgh, és mesmo irritante! - cruzei os braços - Eu não tenho culpa de não saber nadar, okay? - que personagem tão irritante e jeitosa - Eu não estava a olhar para ti, convencido!

- Tens sim. Se tivesses dito à tua mãe para te ter feito uma nadadora excelente e não uma boazona já te safavas! - piquei-a. - E sim estavas, não mintas. Até porque mentir é feio. - ri-me às gargalhadas.

- Como eu já te disse, a culpa não é minha - a minha mãe nunca teve tempo para mim, por isso, eu podia morrer que ela não se importaria - Tal como tu - atirei-lhe uma pedra pequena ao seu peito.

- Ei miúda, calma aí. - limpei o peito. - Tu és violenta, poças. - vesti a t-shirt, estava a ficar frio. - Olha devias ir para um local quente, vais ficar doente. - ela não me obedeceu. - Depois não digas que não avisei!

-Eu não preciso de ordens - resmunguei, tirei os meus saltos e comecei a andar em direcção oposta a dele.

Fui atrás dela. - Olha e não me convidas para ir contigo? És mesmo antipática. - piquei-a. - Olha e anda devagar se faz favor. - pedi-lhe sem grande delicadez.

Olhei para ele com um olhar de morte. Mas quem é que ele já pensava que era?
-Tens perninhas grandes, podes andar depressa - voltei-me para a frente e continuei a andar.

- És mesmo resmungona pá! - gritei e afastei-me dela. - Assim estou melhor, longe de ti. Ainda me furas os tímpanos com tanto guincho. - gozei-a.

-Tu só estás aqui porque queres, ninguém te mandou vir atrás de mim! - piquei-me numa pedra e grunhi, continuando a andar para, nem eu sabia onde, era só árvores e pedras e água e mais árvores!

- Olha, não é por nada mas se queres chegar ao campus e de preferência hoje é melhor vires por aqui. - aconselhei-a. - Mas se quiseres ser teimosa que nem uma porta, podes ir sempre em frente. Ninguém vai sentir a tua falta mesmo! - dei de ombros e fui pela direção certa.